O Brasil é um dos países que mais mata mulheres no mundo e esse tipo de violência a cada dia aumenta, principalmente os feminicídios. Na busca por uma sociedade igualitária, com mais respeito e melhoria das condições de vida, a educação pode ser decisiva para o combate a violência contra de gênero.
A Secretária de Relações de Gênero da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Berenice D’Arc Jacinto, explica que a escola tem um papel fundamental na construção de sujeitos que possam compreender a realidade social do país. “A educação pode e deve ajudar muito no processo de construção de personalidades, construção do sujeito que compreende seu papel social e, entre elas, está o papel e a importância da mulher na luta contra a violência”, diz.
O Brasil ocupa a 5ª colocação no ranking mundial de feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Esse é um fenômeno mundial que vitimiza mulheres todos os dias, consequências da discriminação estrutural e da desigualdade de poder.
Para a dirigente, o aumento no número de feminicídio no Brasil é resultado da destruição das políticas públicas dos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), e a escola, com apoio do Estado, pode ajudar nesse debate.
“Certamente, a escola é um espaço de debate e de construção de ideias, de não à violência contra a mulher, não ao racismo, não à homofobia, entre outros tipos de preconceito. A escola tem um grande papel de ajudar no debate da violência doméstica”, explica Berenice, que complementa: “Nós precisamos construir no Brasil inteiro a esperança, a esperança do novo MEC e da construção de um ministério da mulher que a gente possa construir políticas na educação e acabar com este ciclo de violência, diferente do governo Bolsonaro. Porque o que nós tivemos nos últimos anos foi um desmonte da política nacional para mulheres”.
Armamentismo e feminicídio
Um estudo divulgado pelo Instituto Sou da Paz em agosto de 2021 identificou que a arma de fogo foi o instrumento responsável por 51% das mortes de mulheres brasileiras entre 2000 e 2019. Em 2021, a arma de fogo foi o instrumento que provocou 65% das fatalidades de mulheres, de acordo com o Anuário 2020 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Berenice responsabiliza o governo Bolsonaro pela política armamentista. “A gente viu o crescimento do feminicídio, hoje o Estado tem uma política de armar a população, e a gente percebe como é importante o papel da escola na contrapartida desse debate”.
21 dias de ativismo contra a violência às mulheres
Mulheres do campo e da cidade, trabalhadoras da educação de todo país participam dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra mulheres, que começou no último domingo (20). O Dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher será dia 25 de novembro, mas a campanha só termina em 10 de dezembro. A programação vai contar com palestras, apitaço, campanhas de enfrentamento da violência contra as mulheres, serviços de autocuidados, momentos culturais, atendimento multidisciplinar, entre outras ações.
>> Trabalhadoras da educação organizam os 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra mulheres